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2º Edição- Revista Café com Produtor 

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Intensificação sustentável é realidade no agro brasileiro

O Brasil é o único país no cinturão tropical do globo que foi capaz de conquistar a posição de potência agrícola.

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Intensificação sustentável é realidade no agro brasileiro

Autor: Maurício Antônio Lopes

( Foto: Arquivo)

 

O Brasil é o único país no cinturão tropical do globo que foi capaz de conquistar a posição de potência agrícola. As tecnologias de manejo transformaram solos pobres em terra fértil. A tropicalização dos cultivos, com ciclos diferenciados, permitiu aproveitar terras em todas as condições climáticas. Os manejos e as práticas sustentáveis que desenvolvemos constituem um arsenal de defesa ambiental. Com seu dinamismo empreendedor, os produtores souberam combinar esses conhecimentos e aproveitar as oportunidades de mercado. 
 
Porém, a condição tropical tem lá seus ônus. Tamanha eficiência na produção de alimentos é constantemente posta à prova por toda sorte de estresses. Com a mesma pujança com que faz brotar as plantas, a abundância de sol e umidade acolhe e multiplica doenças e pragas. Os novos requerimentos do Código Florestal brasileiro e as alterações climáticas impõem limitações à ampliação de área para produção e aumentos nos custos.
 
É por isso que o termo "Intensificação sustentável" ganha cada vez mais notoriedade. Produzir de forma mais intensiva e resiliente se tornou um imperativo para o Brasil e demanda sofisticação tecnológica que amplie a eficiência de uso dos recursos ambientais – especialmente água, solo e biodiversidade – e garanta serviços ecossistêmicos adequados, como reciclagem de resíduos, recomposição das reservas hídricas, melhoria da atmosfera, dentre outros.
 
O Brasil chama a atenção do mundo pelo potencial de intensificação da sua agricultura. Uma grande extensão de nossas áreas agrícolas pode ser utilizada de maneira segura 365 dias ao ano, produzindo, no mesmo espaço, grãos, proteína animal, fibras, bioenergia e, em futuro próximo, químicos renováveis de biomassa. A Embrapa, apoiada por uma rede de parceiros públicos e privados investe na intensificação baseada em tecnologias "poupa-recursos", de baixa emissão de carbono e em ganhos na produtividade da terra, em sintonia com o novo Código Florestal e com o novo padrão de consumo definido por uma sociedade cada vez mais engajada nas causas ambientais.
 
O Plano ABC - "Agricultura de Baixa Emissão de Carbono" é uma arrojada política pública baseada nos resultados da pesquisa agropecuária brasileira e alinhada à resposta global às mudanças de clima. Visa ampliar a recuperação de pastagens degradadas, a integração lavoura-pecuária-floresta (ILPF), o sistema de plantio direto (SPD), a fixação biológica de nitrogênio (FBN), as florestas plantadas e o tratamento de dejetos animais.
 
Ampla pesquisa realizada em âmbito nacional apontou uma área de adoção de sistemas ILPF no Brasil que alcança a expressiva marca de 11,5 milhões de hectares, representando parte importante da resposta brasileira à mitigação e adaptação às mudanças do clima no planeta. Este resultado é parte da estratégia robusta de enfrentamento da mudança do clima pela agricultura brasileira, que avança na consolidação da capacidade adaptativa dos seus sistemas agrícolas, lastreada pela gestão do conhecimento e da inovação tecnológica, pela forte ênfase em transferência de tecnologia via parcerias público privadas, e sustentada na visão e empreendedorismo dos nossos agricultores, que percebem e respondem ao tempo de rápidas mudanças em que vivemos.
 

Maurício Antônio Lopes  - Presidente da Embrapa

 

 

 

 

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Safra da esperança

Além da importância para a segurança alimentar do País, o setor primário em geral e a agricultura em particular têm uma capacidade extraordinária de gerar respostas econômicas. Por isso, importantes lideranças nacionais vêm defendendo uma estratégia de Estado – e não apenas de governo – para o agronegócio brasileiro, como a saída mais rápida e mais viável da crise em que se meteu o Brasil.

Não há dúvidas da importância da agricultura e do agronegócio para o futuro, pois, oBrasil faz parte de um grupo restrito de países com grande potencial econômico em razão de três fatores: superfície agrícola com mais de 140 milhões de hectares, PIB maior que 1 trilhão de dólares e  população acima de 80 milhões de pessoas. O Brasil terá um grande papel no cenário mundial porque a segurança alimentar é condição essencial para a manutenção da paz universal. Produzir mais alimentos, aumentando a produtividade e intensificando a sustentabilidade, num contexto de crise é um grande desafio.

Nesse ambiente, a estimativa da produção de grãos para a próxima safra (2016/17) poderá ficar entre 210,5 e 214,8 milhões de toneladas, de acordo com projeções da Conab. Isso significa um crescimento até 15% em relação à safra anterior (2015/2016), que atingiu 186,4 milhões de toneladas.

O arroz retomou áreas não cultivadas na safra anterior, com uma produção entre 11,6 e 12 milhões de toneladas. Já o feijão primeira safra deve obter produção de 11,9 a 18,7% superior à safra passada. A projeção para a soja é de crescimento entre 6,7 e 9% na produção, podendo atingir de 101,8 a 104 milhões de toneladas.

Base de imensas cadeias produtivas, como a avicultura e a suinocultura, o  milho, também primeira safra, deverá atingir patamar superior em relação à produção do período anterior, após três anos consecutivos de queda. Esse fato, aliado a importação de milho dos Estados Unidos, dará alguma tranquilidade às agroindústrias. Entretanto, o mercado terá que conviver com a escassez de milho até meados do próximo ano, na entrada da próxima safrinha. Só em maio de 2017, quando for conhecida a produtividade da safrinha é que o mercado deve voltar à normalidade, que é paridade de exportação.  A expectativa é que os preços, ainda firmes no segundo semestre de 2016 e a escassez do produto, estimulem a semeadura do grão. Se o clima contribuir, a produção pode ultrapassar 60 milhões de toneladas de milho, o que traria o mercado brasileiro para um equilíbrio.

São incríveis os efeitos que uma projeção de safras em elevação produz:   aumenta a taxa de confiança,  reduz incertezas políticas, mitiga a retração da atividade econômica, aumenta o consumo, estimula investimentos, baixa a inflação, reduz o desemprego etc. Não há duvida: a saída está na agricultura.

José Zeferino Pedrozo Presidente da Federação da Agricultura e Pecuária do Estado de SC (Faesc)

 

 

 

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Revolução do agronegócio: profissionais preparados para a gestão de dados

Por *José Luiz Tejon Megido

As novas máquinas agrícolas são cada vez mais inteligentes. Os pulverizadores, plantadeiras, colheitadeiras e tratores vêm com sensores, georeferenciamento, e isso permite ajustes imediatos com respostas em até 3 segundos.
 
Essas novas máquinas inteligentes serão as responsáveis por aumentar a produção de alimentos com diminuição de custos. Foram analisadas 100 dessas máquinas com inteligência artificial, no campo brasileiro, e o que se observa é que não sabemos extrair desses equipamentos metade do que eles podem oferecer.
 
Ou seja, a nova revolução que iremos viver no agronegócio dos próximos 10 anos não será mais uma geração de equipamentos com inteligência artificial, o que permite a um intervalo veloz de até 3 segundos, mudança de aplicação de defensivos, adubo, ou sementes, conforme as variações de solo ou demais fatores. A grande revolução estará na formação de pessoas preparadas para essa gestão de dados.
 
Não mais a força dos músculos, agora será cada vez mais a força dos neurônios, novos operadores e profissionais na agropecuária. Isso quer dizer educação, a inteligência humana precisará dominar a inteligência artificial das novas máquinas agrícolas.
 
*José Luiz Tejon Megido é Conselheiro Fiscal do Conselho Científico para Agricultura Sustentável (CCAS), Dirige o Núcleo de Agronegócio da ESPM, Comentarista da Rádio Jovem Pan.

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Engenheiro agrônomo: além do arroz e feijão

Por Mauro Regis Vieira

 

Dia 12 de outubro, Dia do Engenheiro Agrônomo, um profissional de formação eclética e muito antiga.

A agricultura é essencial para a manutenção da vida. O homem, ao longo do tempo, deixou de ser perseguidor de sua comida para se tornar um produtor de alimentos e remodelar a civilização humana. Semear e criar tornaram-se a chave para deixar de ser nômade e criar raízes em determinadas áreas, formando assim os povoados e as cidades. Pelo método da tentativa e erro, a produção de alimentos teve uma lenta evolução, sendo que o cultivo da terra e a criação de animais envolvia quase 80% da população mundial, sendo que a agricultura passou a ser também um trabalho de observação que consumia tempo e gerava conhecimento.

Saindo das ferramentas agrícolas rústicas outrora usadas pelos romanos para os arados puxados por animais nos séculos 18 e 19, as inovaçõesagrícolas não pararam de surgir. A população mundial aumentou de 2 bilhões para 7 bilhões de habitantes e a necessidade de produzir alimentos acompanhou esse crescimento. O mundo precisava produzir mais e mais alimentos, ao mesmo tempo que precisava fazer o uso racional da água e do solo, conservando o meio ambiente e adaptando-se ao modelo global e às mudanças climáticas.

Assim, os observadores deixaram de testar e errar e passaram a estudar mais sobre “onde, como, quando e quanto” produzir. Surgiram, assim, as Ciências Agrárias, que no Brasil teve sua primeira Escola de Agronomiano município de São Bento das Lages, no Estado da Bahia, em 1875.

Sem mão de obra escrava, fez-se necessário explorar melhor a terra e seus recursos naturais. Produzir conhecimento e modernizar a forma de produzir alimentos foi e continua sendo o alvo das Ciências Agrárias, com o engenheiro agrônomo exercendo papel fundamental na segurança alimentar do Brasil e do mundo. É certo que o engenheiro agrônomo de hoje tem muitas atribuições diferentes em relação ao profissional do início do século XX. As porteiras se abriram, os conhecimentos se multiplicaram e a ciência exige cada dia mais que o agrônomo deixe de ser “da porteira pra dentro” para ser um gerador e distribuidor de conhecimentos.

Dia 12 de outubro, Dia do Engenheiro Agrônomo, um profissional de formação eclética e muito antiga, levando-nos à primeira profissão que já se ouviu falar, desde o Jardim do Éden, quando foi posto o homem para criar e cultivar vida na forma de alimentos, para dar manutenção e suprir as necessidades da vida humana no decorrer da história do homem na face Terra e quem sabe até em outros planetas.

*Mauro Regis Vieira, Engenheiro agrônomo e doutor em Biotecnologia. Artigo publicado no Jornal O Povo

 

 

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Estratégias de acasalamento em gado de corte

Alessandra Corallo Nicacio*

 

O manejo reprodutivo é um fator diretamente relacionado com a produtividade da pecuária

 O manejo reprodutivo é um fator diretamente relacionado com a produtividade da pecuária. Pensando mais especificamente em bovinocultura de corte, a produção de bezerros pode ser o gargalo da atividade, pois tanto o baixo número bezerros nascidos por estação quanto o nascimento de bezerros fracos ou de baixo peso comprometem todo o processo de produção de carne que vem a seguir.

Como primeira estratégia de manejo reprodutivo recomenda-se o uso de estação de monta. Dessa forma, o período de acasalamentos fica concentrado em determinado período do ano, assim como os manejos subsequentes como partos, vacinações, vermifugações, entrada de lotes em confinamento, venda e aquisição de animais, e assim por diante. Com a concentração de atividades em determinados períodos, o gerenciamento da propriedade também fica facilitado, assim como o controle zootécnico. A partir do momento que existe controle zootécnico estabelecido é possível saber quais animais são mais ou menos produtivos, quais os principais índices produtivos do rebanho (como, por exemplo, intervalo entre partos, índices de prenhez, natalidade, mortalidade, ganho de peso, entre outros), programar melhor descartes e reposição de animais.

Uma vez compreendida a importância da adoção de estação de monta, passa a ser necessário programar as atividades. E entre as atividades a serem programadas tem vital importância a estratégia de acasalamentos que será adotada. Entre as estratégias, podemos citar a adoção de monta natural (MN), o uso de inseminação artificial com observação de cio (IA), o uso de inseminação artificial em tempo fixo (IATF) ou mesmo outras biotecnologias reprodutivas como transferência de embriões (TE) ou produção in vitro de embriões (PIV). Todas essas opções têm vantagens e desvantagens, necessidades de infraestrutura diferenciada, além de custos diferentes. Porém, não existe uma estratégia melhor, existe a estratégia mais adequada para cada propriedade. E não existe obrigação de utilização de apenas uma ou outra na mesma propriedade. O ideal, na verdade, é conhecer a propriedade e programar o uso de uma ou mais estratégias, conforme as condições disponíveis.

Começando pela estratégia mais utilizada no Brasil, vamos discutir um pouco sobre a monta natural (MN). A grande maioria do rebanho de corte nacional faz uso da MN como principal estratégia, com índices em torno de 85 a 90% dos animais passando por esse procedimento. Sua extensa utilização está relacionada com o fato de ser a estratégia mais simples, de menor custo e de maior tradição. O produtor precisa apenas ter reprodutores em boas condições reprodutivas, matrizes para serem acasaladas e piquetes ou pastos formados - independente do tamanho e da localização - com disponibilidade de forrageira e água. As recomendações e cuidados dizem respeito à realização de exame andrológico antes do início do período de acasalamentos para ter certeza que o reprodutor que permaneceu em repouso por alguns meses não sofreu nenhum acidente ou comprometimento de sua função reprodutiva. É a estratégia que requer menor investimento e infraestrutura e isso justifica sua extensa utilização.

A seguir temos a inseminação artificial, a qual pode ser realizada com observação de cio (IA) ou em tempo fixo (IATF). Estima-se que pouco mais de 10% do rebanho brasileiro passe por algum procedimento de IA. Ambas as estratégias requerem certa infraestrutura e investimento, de modo que sua utilização deve ser bem planejada. A IA requer investimentos com infraestrutura para curral de manejo, compra de material para realização dos procedimentos como aplicadores de sêmen, as doses de sêmen, botijão para armazenamento de sêmen, e a capacitação de pessoal para realizar os procedimentos. Deve-se considerar que a necessidade de observação de cio é o principal entrave, pois desta tarefa depende todo o resultado do trabalho seguinte.

Lembrando que a observação de cio deve ser feita duas vezes ao dia, por período mínimo de 40 minutos para cada observação, todos os dias da semana, nos períodos mais frescos do dia, isto é início da manhã e final da tarde. Para tanto, os animais devem ser reunidos em parte do pasto e os funcionários devem permanecer observando o comportamento dos animais, a fim de identificar quais fêmeas aceitaram monta. Animais identificados em cio devem ser inseminados 12 horas depois.

Já, a IATF requer, além de toda a estrutura e mão de obra já citadas, investimento com a compra dos protocolos de sincronização de cio e ovulação, o que permite a inseminação em dia e hora determinado, sem necessidade de observação de cio. Sua principal vantagem: eliminar a necessidade de observação de cio, diminuindo o risco com falhas de observação. Além disso, é possível concentrar as concepções no início da estação de monta, fator importante para melhorar a produtividade. Seu entrave passa a ser a necessidade de aumento de manejos para aplicação de hormônios, dependendo do protocolo escolhido. Porém, quando bem conduzidos, esses manejos não são um grande problema.

Outras biotecnologias ainda podem ser utilizadas, como a TE e a PIV, porém, são estratégias que devem ser acompanhadas de programa de seleção e melhoramento mais elaborado, com definições de objetivos e acasalamentos bem direcionados. São estratégias que envolvem grande adoção de tecnologia, com custos mais elevados, sendo recomendadas para animais de melhor desempenho e maior potencial genético.

O mais importante quando se define a estratégia de acasalamento a ser utilizada é ter consciência de que quanto mais elevado o nível tecnológico a ser adotado, melhor devem ser os animais tanto em desempenho quanto em potencial genético. Além disso, deve ser priorizado o inicio da estação para utilização da tecnologia mais avançada, sendo as estratégias de menor grau tecnológico utilizadas mais no final da estação, portanto, com animais que já tiveram mais chances de acasalamento e/ou de menor fertilidade. Resumindo, a IATF deve ser utilizada no início da estação de monta, com o repasse podendo ser feito com novo protocolo de IATF, IA ou mesmo com MN. Além disso, a estratégia não precisa ser a mesma para todos os animais, podem ser apartados lotes de animais que passarão por determinada estratégia e outros lotes com outra estratégia. Sempre priorizando a ferramenta mais tecnológica e de maior custo para os melhores animais.

*Alessandra Corallo Nicacio é Pesquisadora de Reprodução Animal

 

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Alimentação para vacas leiteiras de alta produção

Alimentação para vacas leiteiras de alta produção

José Leonardo Ribeiro – Zootecnista e Gerente de Produtos de Ruminantes – Guabi

 

Para desempenhar suas funções vitais, produtivas e reprodutivas, animais precisam de nutrientes em quantidade e qualidade compatíveis com seu peso corporal, estado fisiológico, nível de produção e fatores ambientais aos quais estão expostos.

Dentre os ruminantes, vaca de leite em lactação é a categoria de maior exigência nutricional. Na fase inicial de lactação ocorre balanço energético negativo, pois a energia obtida com a ingestão de nutrientes é inferior a requerida para manutenção, recuperação da condição corporal e atividade reprodutiva e, principalmente, para produção de leite. Vacas primíparas têm exigência energética ainda maior, pois necessitam de energia para o crescimento.

A energia requerida para lactação é reflexo da energia contida no leite produzido. Por sua vez, a concentração de energia do leite é resultado da soma do calor gerado pela combustão da gordura, proteina e lactose contidas no mesmo. Portanto, quanto maior a produção de leite, maior a demanda energética e proteica. O aumento da produção deve ser acompanhado pelo  aumento da oferta de energia fermentecível no rúmen, visando multiplicação de microrganismos e incremento de proteína degradável no rúmen.

Na prática, vacas de alta produção exigem maiores cuidados com a alimentação, visto serem muito mais exigentes em quantidade e qualidade dos  alimentos ingeridos. Para que uma vaca finalize a lactação com produção superior a 9.000 kg de leite, com pico superior a 45 kg/dia, é essencial o monitoramento de todo alimento consumido (volumososo e concentrado).

A participação ideal dos alimentos volumosos na composição da ração (quantidade de alimento inferida em 24 horas), varia de 45 a 50% da MS total. Nesta proporção, o custo e a qualidade do leite produzido são mais vantajoso ao produtor. Para maior participação dos alimentos volumosos, os mesmos terão que apresentar alto valor nutritivo. Os principais representantes desta categoria, destinados as vacas de alta produção, são as silagens de milho ou sorgo e feno de gramíneas.

A maior preocupação com os alimentos volumosos é baseada na limitação de ingestão de MS, definida pelos mecanismos de distensão e quimiostático. Silagem de milho com teor de MS inferior a 30% é sinônimo  de fermentação acética, cujo odor de vinagre irá limitar a ingestão pela ação do mecanismo quimiostático.

Se o tamanho médio de partículas (TMP) desta silagem for superior a 2 cm, sua ingestão será limitada pelo mecanismo de distensão. Alimentos com maior TMP permanecem mais tempo no rúmen (menor taxa de passagem), resultando em menor ingestão e maior custo energético para manutenção de bactérias ruminais.  

Uma boa silagem de milho deve apresentar teor de MS próximo de 33%, FDN e FDA abaixo de 50 e 32%, respectivamente, e NDT superior a 65%. A energia líquida para lactação gerada por esta silagem será próxima de 1,5 Mcal/kg MS. Em silagens com baixo valor nutritivo (NDT de 58,5%), a energia líquida de lactação será de 1,3 Mcal/kg MS. Para animais que ingerem mais de 12 kg MS de silagem, esta diferença é significativa.

Menor teor de NDT é indicativo de menor proporção de grãos e maior participação de fibra (FDN), a qual é inversamente proporcional a ingestão. Por sua vez, baixos teores de FDN e FDA são indicativos de maior ingestão e digestibidade do alimento.

Para maior ingestão, o TMP da silagem de milho deve variar de 1 a 2 cm. Cuidado com a repicagem antes do fornecimento, pois esta prática reduz sensivelmente o TMP, resultando em perda de efetividade da fibra.

A efetividade de fibra é calculada multiplicando o teor de FDN pelo percentual de MS retida em peneira de 1,2 mm. A avaliação desta variável é fundamental quando o assunto é ambiente ruminal saudável. Por exemplo, feno de gramínea e casca de soja apresentam teores de FDN próximos de 65%. No entanto, 0,98% do feno permanece retido na peneira, contra apenas 0,03% da casca de soja. Conclui-se que apesar do mesmo teor de FDN, a efetividade do feno (63%) é muito superior a da casca de soja (2%).

Para manter o pH ruminal acima de 6,2 e com isso maximizar a digestão de fibra e/ou síntese de proteína microbiana é necessário que o teor de fibra efetiva seja superior a 20% MS. Em dietas desafio, para obtenção deste valor, em muitos casos a presença do feno de gramíneas se faz necessária, pois apresenta  alta efetividade, seguido pelo feno de leguminosa e silagem de milho.

Para maior aproveitamento do feno, este deve ser picado com TMP de 4 cm. Não é recomendado maior TMP, pois resultaria em dificuldade de ingestão e/ou bocado nutricionalmente desuniforme. Se for muito picado, reduzirá sensivelmente a atividade total de mastigação. Ao reduzir o TMP do feno de alfafa de 2,5 para 0,5 cm, a atividade de mastigação passou de 52 min/kg MS para 30 min, redução de 31% na mastigação. A quantidade de feno fornecido para vacas de alta produção irá varia de 2,0 e 3,0 kg/dia.

Com exceção do caroço de algodão, os demais concentrados apresentam baixa efetividade, mas são fundamentais para o fornecimento de energia, proteína, fósforo, dentre outros nutrientes. O principal representante dos concentrados proteicos é o farelo de soja, alimento com alto teor de PB, alta aceitabilidade, digestibilidade e degradabilidade ruminal. Para vacas de alta produção, nos primeiros 100 dias de lactação, o requerimento de proteína não degradável no rúmen (PNDR) é maior (40 a 45% da PB ingerida). Por isso, para reduzir a degradabilidade ruminal deste farelo, o uso de tratamento térmico, como a peletização, aumenta a quantidade de PNDR, conhecida como “by pass”. Outra forma de incrementar a quantidade de aminoácidos absorvidos no Intestino Delgado (ID), seria o uso simultâneo de mais fontes proteicas, tais como a protenose e farelo de algodão.

Os grãos de cereais se destacam por fornecer grande quantidade de energia aos ruminantes, devido aos elevado teor de amido (72% no caso do milho). Para maior aproveitamento desta energia, o tratamento com umidade e temperatura expande o amido e rompe as membranas proteicas. Ração peletizada traz benefícios, pois o amido apresentará maior capacidade de absorver água, o que potencializa a ação enzimática e otimiza o processo de digestão.

Apesar da digestão do amido ser 25% mais eficiente no ID, se comparada a digestão no rúmen, a mesma não deve ser priorizada neste local, pois o pâncreas não é capaz de produzir enzima em quantidade e tempo necessários. Em adição, o fígado não é capaz de metabolizar toda glicose digerida pelas amilases e absorvida no ID. Vacas de alta produção ingerem grande quantidade de concentrado energético e têm boa capacidade de digerir amido no ID. Dados de literatura apontam valores próximos a 5 kg de amido, embora a partir de 3 kg a eficiência da digestão seja diminuida. Por isso, é essencial que nem toda energia seja proveniente de carboidratos não estruturais, mas também de ácidos graxos presentes em sementes de oleagenosas.

O caroço de algodão é interessante para juntamente com alimentos peletizados, compor parte da ração. Com teores de PB, fibra e extrato etéreo acima de 20% na MS, este alimento deve ser preconizado na fase inicial de lactação. A limitação do uso se deve ao elevado teor de óleo. Para evitar decréscimo da digestão da fibra e/ou intoxicação das bactérias ruminais, o teor de extrato etéreo ingerido não deve exceder 6 a 7% da MS total. Em média, se fornece de 2 a 3 kg/vaca/dia de caroço.

Para atender os requerimentos de macro e microelementos minerais é fundamental a adição de aproximadamente 3% de núcleo mineral vitâminico, por meio de ingestão forçada (produto com 6,0% P), quando a ração é confeccionada na propriedade. No caso de ração pronta, esta adição na maioria dos casos não se faz necessária. Nos dois casos os animais devem ter livre acesso a suplemento mineral com 8% P.

Os aditivos e vitaminas também contribuem para o desempenho produtivo das vacas. Atualmente, há vários aditivos que contribuem para o incremento da produção de leite. Dentre eles, merecem destaque a monensina sódica (Mon), virginiamicina, o bicarbonato de sódio (Bic), a biotina (Bio) e as leveduras Saccharomyces cerevisiae (Lev). Sem exceção, favorecem o bom funcionamento do rúmen. Alguns, quando usados simultâneamente tem efeito simbiótico (Lev e Mon). O sucesso dependerá da quantidade fornecida.

Para demonstrar valores quantitativos dos aditivos, será padronizado uma vaca holandesa com 650 kg de peso, produzindo 50 kg de leite e ingerindo 26 kg de MS/dia. A relação V:C representará 45:55 do total ingerido, portanto 16 kg de concentrado. Para maior efeito da Mon em selecionar bactérias gram negativas, reduzir a produção de metano e a proteólise, cada quilograma de concentrado deverá conter 25 mg de Mon (400 mg de Mon/vaca/dia).

O Bic tem grande capacidade tamponante e solubilidade no rúmen. Quando fornecido as estes animais (150 a 200 g/dia), será rapidamente diluído no líquido ruminal. Ao fornecer 0,75% da dieta total em Bic (26 kg MS x 0,75% = 195 g), o pH ruminal se mantém numa faixa que permite sobrevivência de bactérias celulolíticas, além de estimular o consumo de MS por elevar a taxa de passagem.

A fermentação ruminal destas vacas será beneficiada quando estas ingerirem Saccharomyces cereviseae. Cepas específicas destas Lev são ativas no rúmen e, por isso, promovem anaerobiose. Como resultado haverá aumento da digestão de fibra, maior regulação do pH ruminal, o que previne a laminite.

O  aparelho locomotor precisa estar sadio, pois vacas de alta produção passam grande parte do tempo em pé. Por isso, a ingestão de Bio contribuirá para o fortalecimento da queratina dos cascos, reduzindo os riscos de ranhuras na parede e hemorragia da sola. Para que este benefício seja observado, o fornecimento da Bio deverá ser diário, em quantidades que variam de 15 a 20 mg/vaca/dia. Nesta quantidade, trabalhos mostram incremento da produção de leite. A Bio atua no metabolismo de propionato, na gliconeogênese e na síntese de ácidos graxos.

É preciso conhecer as particularidades de cada alimento. O sucesso na alimentação dependerá da correta homogeneidade da mistura (volumoso + concentrado), bem como da frequência de arraçoamento e qualidade e quantidade de água fornecida (3,5 a 5,5 kg/kg MS ingerida). Em rebanhos comerciais, por questão de manejo, estes animais deverão receber pelo menos 3 tratos diários. Animais que participam de torneios leiteiro, o número de tratos diários deverá saltar para 5 ou 6. Quanto maior a frequência de trato, maior será o interesse do animal pelo alimento e melhor será a sua qualidade. Isto se traduzirá em maior ingestão, componente fundamental que explica o desempenho animal.